quinta-feira, 22 de julho de 2010

O garoto sinistro

A Mariana ficou fissurada no Lincon, um garoto novo lá da escola.
Fez de tudo pra se aproximar e ficar com ele.
Todas as garotas da classe já ficaram com alguém, menos ela.
Quando as meninas falavam da primeira vez, ela ficava muda, não tinha nada pra contar.
Lincon por sua vez era muito arredio, estranho demais, pode-se até dizer que era o tipo do moleque sinistro.
Pelo menos a turma toda da classe achava isso.
Algumas meninas achavam ele bem descolado, usava só tenis de marca, calça idem, camiseta idem...
Um dia no final da aula, na saída da escola o Lincon estava parado encostado no muro, ao lado do portão, pé direito na parede e boné virado pra trás afundado na cabeça.
A Mariana que vinha passando com a Aninha ouviu ele dizer:
- Então..., vamos comigo até a locadora descolar um DVD do Red Hot?
Aninha cutucou a amiga com o cotovelo.
Mariana olhou para a amiga, e Aninha entendendo a dica, se afastou deixando os dois no portão da escola.
Sem vacilar Mariana respondeu:
- Vamos sim!
E lá se foram eles em direção a locadora.
Da locadora Lincon levou Mariana para a casa dele, para ficar a sós com ela, os pais dele não estavam em casa aquela hora.
Eles pouco se falaram.
Mariana resolveu topar tudo que ele quisesse, ela queria contar para as amigas que tinha ficado com o carinha mais sinistro e bonito da escola.
Depois de ligar o DVD do Red Hot Chili Peppers na sala de sua casa, Lincon pegou dois copos e encheu com uma bebida vermelha de cor muito bonita.
Mariana não estava acostumada, mas pensou: "O que as garotas vão pensar de mim se eu disser que não bebi nada?"
Ele trouxe os copos e, beijando-a nos lábios sem ela esperar, deu a ela o copo, entrelaçou os braços com ela e beberam de uma única vez.
Mariana se engasgou, tossiu, mas repetiu a dose quando ele encheu novamente o copo.
Depois ele ascendeu um cigarro de cheiro esquisito e fumou junto com ela.
Ela não se recorda de mais nada.
Depois desse encontro sua vida ficou muito confusa, estranha mesmo.
Agora vive chorando, não entende porque a mãe não lhe ouve mais.
Nem o chato do seu irmão percebe sua presença.
Desesperou-se quando viu ela mesma deitada no caixão e a turma da classe toda reunida em volta do corpo.
Ninguém a escuta, ninguém a vê!
Vai a escola e nada.
Só lembra dos comentários das amigas da classe:
- Foi overdose!